Por Raymundo Costa | De Brasília
A presidente Dilma Rousseff pretende fazer as primeiras mudanças no ministério antes da volta do Congresso do recesso, em fevereiro. Pelo menos três ministros se preparam para deixar o governo no fim de janeiro, mas a reforma pode se estender até março. Dilma mandou um recado aos aliados: não assumirá nenhum compromisso que ultrapasse 31 de dezembro, quando se encerra seu atual mandato. Seria arrogante e limitaria os movimentos da presidente na formação do novo gabinete, na hipótese da reeleição em outubro.
O vice-presidente da República, Michel Temer, que também é presidente do PMDB, esteve ontem com Dilma. Os dois combinaram uma conversa específica sobre a reforma ministerial para a próxima semana. O PMDB passou a cobiçar o Ministério das Cidades, atualmente ocupado por um representante do PP, partido que não integrou formalmente a coligação de Dilma Roussef, na eleição de 2010, e enfrenta dificuldades para integrar a chapa também neste ano, devido a problemas regionais.
Tendo como horizonte o mês de dezembro de 2014, o novo ministério deve repetir a atual configuração partidária, provavelmente com a inclusão do PROS, do PTB e – talvez – de mais um ministério para o PSD, atualmente a terceira maior bancada da Câmara. Dilma deve também adotar soluções ‘caseiras’ ou administrativas para algumas pastas. O PMDB de Temer queria inicialmente o Ministério da Integração Nacional, hoje ocupado por um afilhado político do governador do Ceará, Cid Gomes. Agora voltou os olhos para Cidades, um dos melhores orçamentos da Esplanada.
Cidades foi oferecida para o PMDB no início do atual governo, mas, interessados na eleição do deputado Henrique Eduardo Alves para a presidência da Câmara, os dirigentes pemedebistas defenderam a manutenção do status quo, em troca do apoio do PP e de outros partidos aliados. Agora o governo tem interesse de conseguir o tempo de televisão do PP ou pelo menos impedir que o partido engrosse o programa eleitoral dos adversários de Dilma na eleição. Uma hipótese cogitada ontem que a Integração Nacional fosse ocupada pelo senador Ciro Nogueira (PI), presidente nacional do PP, numa cortesia de Cid Gomes.
Dos quatro ministros do PMDB, dois devem sair para disputar a eleição: Gastão Vieira (Turismo) e Antônio Andrade (Agricultura). Este último manifestou dúvida em sair e recebeu o recado de que pode ficar, mas sem nenhum compromisso para depois de 2014. Andrade é cotado para compor a chapa do ministro Fernando Pimentel ao governo de Minas Gerais.
Pimentel é um dos três ministros que aguardam apenas um sinal da presidente para deixar o cargo antes mesmo de fevereiro. Os outros dois são Alexandre Padilha (Saúde), candidato ao governo de São Paulo, e Gleisi Hoffmann (Casa Civil), candidata ao governo do Estado do Paraná. Pimentel e Padilha fizeram as contas e concluíram que têm muito chão a percorrer numa campanha provavelmente encurtada pela Copa do Mundo. Minas, por exemplo, tem 853 municípios. Não dá para visitar todos entre fevereiro e o início de julho, começo oficial da campanha. (Colaborou Andrea Jubé)