Foto: Lula Marques/ Agência PT
Com as mudanças, a presidente pretende reduzir gastos públicos e reagir ao agravamento da crise política
A presidente Dilma Rousseff prepara-se para anunciar nos próximos dias a primeira reforma ministerial do seu segundo mandato, como primeiro passo do roteiro montado pelo governo para reagir ao aprofundamento da crise política. As mudanças ministeriais acontecem logo após o país ter perdido o selo de ‘grau de investimento’, o que obrigou o governo a anunciar corte de R$26 bilhões nas despesas e criação de novos tributos para recompor o déficit primário no curto prazo.
Na visão do analista político da Barral M Jorge, Gabriel Petrus, a reforma em elaboração pelo Planalto atacará duas dimensões da crise: uma administrativa, e outra política.
A primeira corresponde à redução do número de Ministérios, com o objetivo de endossar o compromisso da gestão com o corte de gastos públicos, como contrapartida para que o Congresso aprove as medidas de austeridade.
A segunda faz parte da estratégia para recompor a base aliada no Congresso, diminuindo o tamanho da base para favorecer os aliados mais fiéis ao governo. Trata-se de constituir uma frente anti-impeachment.
Para o consultor, “a reforma ministerial funciona também como sinal à sociedade, ao mercado e aos agentes políticos de que o governo está começando de novo”. “Por essa razão, Dilma decidiu realizar a reforma no ápice da crise. Por outro lado, a decisão é tardia e resta saber se o remédio ainda terá efeito, já que a crise política se espalhou rapidamente”, completa.
Perspectivas de revisão dos programas sociais
Desde 2008, quando o Brasil conquistou o selo de “grau de investimento”, as despesas com programas sociais do governo saltaram 70%, enquanto o PIB cresceu duas vezes menos, a 38%. O aumento dos gastos públicos poderia ter sido sustentável, caso o governo tivesse aproveitado o último ciclo de crescimento para promover reformas estruturais na economia, como a tributária e da previdência. Análise publicada pelo consultor Gabriel Petrus para o The BRICS Post: “O Dilema de Dilma: entre o sonho do estado de bem estar social e o realismo fiscal”.
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