O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Mauro Borges, transporta para 2015 a esperança de melhora nos resultados da balança comercial brasileira, que teve no ano passado o seu pior saldo em 13 anos. Dados divulgados ontem apontam que balança comercial brasileira teve um déficit de US$ 214 milhões na quarta semana de agosto. No ano a balança comercial está deficitária em US$ 785 milhões, segundo o ministério. ‘O saldo da balança (em 2014) será similar ao do ano passado, que não foi significativo. Mas estamos preparando o terreno para que melhore já no ano que vem’, disse.
Entre as ações do governo para melhorar a competitividade, o ministro destacou ao longo de sua apresentação a intenção de fortalecer a relação comercial com parceiros estratégicos, como EUA, Europa e China, e a aprimoração nos processos de concessão à iniciativa privada dos projetos de infraestrutura, que deve impulsionar os investimentos e melhorar este gargalo nos próximos anos.
‘O Brasil possui dois déficits estruturais: o da infraestrutura física, que viveu seu grande último ciclo nos anos 70, e um déficit de capital humano. O país teve uma industrialização muito bem-sucedida, mas feita sem investimento em capital humano, em educação’, disse. ‘Essa doença da produtividade perdura há 30 anos, e é um problema estrutural que emperra o crescimento recente. O crescimento na década passada se deu principalmente pelo aumento na participação da força de trabalho, e muito pouco pela produtividade’.
Em sua visão, investimentos produtivos e educação fortes devem ser ‘o grande vetor de crescimento desta década’ – crescimento que reconhece que perde vigor, mas não configura nem uma crise, nem uma recessão. ‘O país não está em crise. Crise do sentido de recessão econômica. Está longe disso. Um país com pleno emprego não pode estar em recessão. Mas temos dificuldades, sim, a economia perdeu o vigor, e aí tem ajustes fundamentais a serem feitos, inclusive macroeconômicos.’
Para Borges, a demanda e a indústria devem ter resultados melhores já em 2015. ‘O fundo do poço da desaceleração já aconteceu’, disse, citando a situação dos estoques da indústria, que, após sofrerem com um aperto na demanda no primeiro semestre e acumularem volumes altos, hoje já estão bem menores. Isso tende a estimular nova produção.