Por Assis Moreira e Daniel Rittner | De Davos
O Brasil aparece em quarto lugar, só atrás da China, Estados Unidos e Alemanha, entre os mercados que os principais executivos globais consideram mais importantes para a expansão de seus negócios nos próximos 12 meses.
Pesquisa da consultoria PricewaterhouseCoopers (PwC) divulgada ontem à noite em Davos, poucas horas antes da abertura do Fórum Econômico Mundial, dá uma mostra do estado de espírito dos executivos: aumentou, para 44%, o número dos que acreditam em melhoria da economia mundial neste ano. Eram 18% em 2013.
‘Nos últimos três ou quatro anos, as conversas em Davos sobre o nível de confiança não eram boas. Então, é um sinal definitivamente encorajador’, disse o presidente da PwC, Dennis Nally.
No caso do Brasil, caiu ligeiramente o otimismo, mas o país ainda é visto como mais importante para a expansão dos negócios do que concorrentes como Reino Unido, Japão, Índia, Rússia, México, Indonésia, conforme a pesquisa com 1.344 executivos de 68 países.
No começo de 2013 o Brasil era o terceiro na lista, quando 15% mencionaram o país como mercado para expansão dos negócios. Agora essa expectativa caiu a 12%. Ao mesmo tempo, o otimismo aumentou 5 pontos percentuais em relação aos negócios na Alemanha (para 17%), subiu 7 pontos em relação aos EUA (para 30%) e 5 pontos no caso da China (para 33%).
A China, mesmo com a desaceleração gradual de sua economia e deixando para trás um crescimento de dois dígitos, começa a se descolar dos demais países dos Brics. Quando se pergunta aos empresários do próprio país ou de uma região específica se suas receitas vão crescer, nos próximos 12 meses, 48% se dizem ‘muito confiantes’ na China – eram 40% em 2013.
É o único dos Brics em que se vê aumento da confiança entre um ano e outro. No caso do Brasil, houve recuo de 44% para 42% dos que se julgam ‘muito confiantes’. Na Rússia, a queda foi de 66% a 53%. Na Índia, passou de 63% a 49%. Na África do Sul, de 45% para 25%.
Nally ressaltou esse descolamento em sua apresentação. ‘Historicamente, os Brics vinham se movendo na mesma direção. Essa é uma das grandes mudanças. Se isso vai se tornar um padrão, só o tempo dirá’, afirmou.
Para o executivo, questões como o baixo crescimento no Brasil e a incerteza sobre as eleições na Índia estão minando a confiança dos próprios empresários nacionais. ‘Isso tem impactado a impressão e a atitude dos CEOs no curto prazo, mas ninguém deixará mercados com potencial tão grande.’
No relatório da PwC, fala-se em ‘ressaca de dívida enorme’ no Brasil, sem detalhamento. Nally destacou ‘o sistema tributário muito complexo’ como uma das desvantagens do país, na comparação com seus investidores, e disse que buscará a oportunidade de obter uma resposta franca da presidente Dilma Rousseff em Davos. ‘Quais são as duas ou três ações que ela realmente pretende tomar para melhorar a competitividade do Brasil?’, questiona.
Em trecho curioso do relatório, executivos ouvidos na América Latina, na África e no Oriente Médio se colocam como ‘mais apreensivos sobre problemas de infraestrutura, suborno e corrupção e ruptura de cadeias de suprimento do que colegas do resto do mundo’.