As importações de Petróleo e o aumento das encomendas de eletroeletrônicos e peças – sobretudo de aparelhos de TV para a Copa do Mundo – contribuíram para que a balança comercial brasileira registrasse, em fevereiro, o maior déficit para o mês
O saldo ficou negativo em US$ 2,125 bilhões, resultado de US$ 15,934 bilhões em exportações e US$ 18,059 bilhões em importações. No acumulado do primeiro bimestre, o déficit também é recorde: US$ 6,183 bilhões, ante US$ 5,319 bilhões no mesmo período de 2013. As vendas externas somaram US$ 31,960 bilhões e os gastos no exterior atingiram US$ 38,143 bilhões.
Pelos dados divulgados ontem pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic), nos dois primeiros meses do ano, as importações de bens de consumo duráveis cresceram 19,8%, puxadas por eletroeletrônicos.
– Acreditamos que as compras desses produtos continuarão até, pelo menos, maio – disse o secretário de Comércio Exterior, Daniel Godinho.
Segundo ele, o governo mantém a aposta de que a balança comercial será superavitária em 2014. Uma das razões é que a conta Petróleo deve ter seu déficit reduzido nos próximos meses, com o aumento das exportações. No mês passado, as importações de combustíveis cresceram 10%, enquanto as vendas de Petróleo e derivados ao exterior caíram 4,5%.
Superávit com Argentina
Embora as vendas para o mercado argentino tenham caído 18,7%, com destaque para o recuo de 24% nos embarques de automóveis e autopeças, as importações realizadas pelo Brasil tiveram uma queda de 31,1%, o que fez com que a balança bilateral registrasse superávit de US$ 296 milhões no primeiro bimestre de 2014, ante um déficit de US$ 17 milhões no acumulado nos dois primeiros meses de 2013.
– Estamos discutindo com a Argentina, que é nosso terceiro principal mercado, mecanismos para facilitarmos o comércio bilateral – disse o secretário, sem dar detalhes.
Quanto à Venezuela, Godinho informou que houve um aumento de 20% das exportações brasileiras para o país, com destaque para bovinos, carnes em geral, Máquinas e Equipamentos agrícolas e leite. No primeiro bimestre deste ano, as vendas para o país vizinho totalizaram US$ 612 milhões, enquanto que no mesmo período do ano passado o total exportado foi de US$ 607 milhões. Os exportadores brasileiros se queixam sobre a demora no pagamento das mercadorias vendidas.
– Estamos em contato permanente com os exportadores para resolvermos problemas pontuais – disse Godinho.
Para o consultor e ex-secretário de Comércio Exterior Welber Barral, se a balança comercial apresentar superávit em 2014, este será pequeno. Ele lembrou que há tendência de queda dos preços das commodities em geral:
– Pela atual conjuntura, será difícil o país conseguir um saldo mais robusto.
Em fevereiro, as exportações brasileiras para a União Europeia (UE) caíram 20,5%, em comparação às do mesmo período em 2013; para a África, 18,2%; Oriente Médio, 13,1%; e Mercosul, 11,1%, na mesma comparação. Houve expansão dos embarques para a Europa Oriental (10%); Ásia (3,2%); China (21,5%); e EUA (12%).
Nas importações, cresceu a compra de bens do Oriente Médio (34,4%); da África (23,9%); dos EUA (2,9%); e da Ásia (0,4%). Já as importações da China caíram 6,4%. Houve queda de 25,4% nas importações do Mercosul, com destaque para Argentina (31,1%). As compras da Europa Oriental caíram 16,9%; e as da UE, 9,4%.