Por Assis Moreira | De Genebra
O Mercosul e a União Europeia (UE) vão apresentar hoje, em Bruxelas, os contornos das respectivas ofertas de liberalização que estão preparando, visando retomar a negociação do acordo birregional de livre comércio que já dura 14 anos e foi interrompida seis vezes.
Na reunião de hoje, cada lado deverá indicar o grau de ambição de sua oferta, e portanto o que o parceiro tende a ganhar com o acordo. Dessa vez não haverá ainda cifras precisas e sim indicação geral do que cada um está montando, segundo fontes próximas das discussões.
A negociação envolve remover ou reduzir barreiras para produtos agrícolas e industriais, abrir mercados para serviços, investimentos compras governamentais e inclui questões regulatórias. O Valor apurou que negociadores do Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai continuavam ontem trabalhando em Bruxelas para tentar chegar a um nível maior de ambição de abertura de seus mercados, mas sem conclusão.
Até agora, a Argentina permitiu que a oferta do Mercosul liberalize 87% do intercâmbio do bloco com a UE. A discussão é como chegar a cortar as tarifas de 90% dos produtos, como acertado anteriormente com os países europeus.
Representantes do Mercosul estimam que, mesmo se ‘faltar um pouquinho’, podem apresentar hoje aos europeus uma boa faixa de abertura de seus mercados. Ou seja, dá para cada lado ter uma ideia de ‘onde está o ganho com o acordo.
Se depois da a reunião de hoje o Mercosul e a União Europeia sentirem que há segurança de que o grau de ambição será equilibrado, a próxima etapa será marcar a data para a troca inicial de ofertas, na retomada do que pode ser a etapa final da negociação.
A Argentina participa ativamente das discussões dentro do Mercosul, o que não quer dizer necessariamente que diminuiu sua resistência a uma maior abertura de seu mercado.
No setor privado, na Europa, o interesse é muito grande para que a negociação avance. ”A expectativa é muito alta, e esperamos que agora seja realmente o momento certo para levar a conclusão do acordo, porque os dois lados só têm a ganhar’, afirma Luigi Gambardella, presidente da entidade EUBrasil. Hoje, uma sessão especial do ‘board’ da entidade vai discutir o acordo.
A Comissão Europeia, braço executivo da UE, estima que nos próximos 10 a 15 anos, 90% da demanda global virá de fora da Europa. É por isso que dá prioridade a acordos em mercados com potencial. Bruxelas calcula que, se todos os acordos que negocia fossem completados hoje, acrescentaria 2,2% no PIB da UE, ou seja, cerca de € 275 bilhões.
No Brasil, não só a Confederação Nacional da Industria (CNI) como também a Confederação Nacional da Agricultura (CNA) querem o acordo com a Europa, antes que os europeus fechem um entendimento com os EUA.
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