Depois uma sessão plenária que durou 18 horas, o Senado Federal decidiu na madrugada de hoje (10) que a ex-presidente Dilma Rousseff irá para o julgamento final do processo de impeachment. A decisão, por 59 votos a favor e 21 contra, confirmou que ela não foi capaz de convencer os senadores sobre sua inocência, nem sobre a alegada ilegalidade do processo. Mas em meio a um cenário quase certo de destituição de Dilma, quais os fatores ainda poderiam atrapalhar os planos do seu substituto Michel Temer?
O que poderia afetar os planos de Temer?
A crise econômica
A equipe técnica econômica anunciada pelo Ministro das Fazenda Henrique Meirelles como a nova frente das estatais, como a Petrobras, BNDES e Banco do Brasil, foi bem recebida pelos mercados.
Meirelles demorou para anunciar as medidas econômicas do governo provisório, com foco em ajustes de longo prazo, como a Reforma da Seguridade Social e os planos de cortes de gastos. O carro-chefe das medidas introduzidas, até agora, foi a demarcação do teto para os gastos públicos. A questão já foi movida para o Congresso Nacional e, no momento, está sendo discutido pela Câmara dos Deputados.
Apesar da economia está dando sinais de melhora, o Núcleo de Análise de Risco Político da BMJ explica que a insistência do governo em continuar adiando o lançamento das medidas econômicas sobre metas de curto e médio prazo, podem acabar com esse olhar favorável. De acordo Juliano Griebeler, “os mercados irão parar de responder positivamente aos esforços do governo de impulsionar a economia, se o adiamento das medidas permanecer”.
Delações Odebrecht: um sinal de que a estabilidade política está longe de ser resolvida
O Palácio da Alvorada e sua equipe administrativa foram recentemente pegos de surpresa por um acordo judicial negociado com os funcionários da Odebrecht envolvidos no esquema de propina da Petrobras.
Informações divulgadas pela mídia afirmaram que os Ministros das Relações Exteriores José Serra e seu Chefe de Gabinete, Eliseu Padilha, foram mencionados nas delações da Odebrecht. Serra teria recebido ilegalmente R$ 23 milhões de reais e Padilha, R$ 4 milhões.
Ainda mais alarmante do que o enquadramento dos ministros são as acusações levantadas contra o presidente Michel Temer. Tem sido afirmado que o presidente pediu para Marcelo Odebrecht, presidente da empresa homônima, uma assistência financeira, a fim de levantar fundos para a campanha do PMDB em 2014.
Todos os políticos negam a participação em tais esquemas ilegais. No entanto, o risco de danos políticos é relativamente alto – não se preocupando com o resultado do impeachment, mas suas carreiras políticas e a estabilidade do governo.
Conclusões
O Núcleo de Análise de Risco Político da BMJ afirmou que há um consenso na comunidade política e empresarial que Dilma Rousseff é incapaz de reunir votos suficientes de modo a inibir o seu impeachment, mesmo após o lançamento do suposto envolvido da administração de Temer em esquemas criminosos. O poder político de Dilma foi severamente reduzido em comparação com o período em que esteve na presidência.
O último recurso da Presidente é o engajamento de Lula com senadores. O ex-presidente compareceu a reuniões privadas com senadores de alta influência sobre o processo, a fim de fazê-los votar contra a condenação de Dilma no final de agosto.
Texto adaptado do Impeachment Special Report: Impeachment approval & Temer’s Government
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