por Lucas Marchesini e Tarso Veloso | De Brasília
A Câmara de Comércio Exterior (Camex) aprovou ontem a oferta brasileira de acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia, informou em nota o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). Mas de acordo com o secretário-executivo substituto do Ministério da Fazenda, Dyogo Oliveira, ‘ainda falta acertar alguns detalhes’.
O único a dar algum detalhe sobre a lista foi o ministro da Agricultura, Antonio Andrade. Segundo ele, a lista contempla cerca de 85% do comércio entre os dois blocos, número perto do percentual de 90% pedido pelos europeus.
Agora, a proposta brasileira será submetida aos demais países do grupo sul americano, que também poderão chegar com iniciativas próprias nas conversas. A partir daí, será consolidada uma oferta comum. ‘O compromisso assumido entre representantes do Mercosul e da União Europeia, em janeiro último, é o de apresentar as ofertas até o último trimestre de 2013’, acrescentou, em nota, o MDIC.
Como revelou o Valor nesta quarta-feira, a proposta estava sofrendo resistências por parte do Ministério da Saúde, que não queria que medicamentos fossem incluídos na liberalização do comércio entre os dois blocos econômicos. No nível técnico, a proposta encaminhada à Camex incluía esses produtos.
Já em relação ao contencioso do algodão, a Camex aprovou a recriação do grupo de trabalho que vai recalcular o valor e definir produtos para eventual retaliação do Brasil aos Estados Unidos, conforme antecipou o Valor. O motivo da iniciativa foi a suspensão, pelos americanos, do pagamento da compensação mensal aos produtores brasileiros de algodão. O grupo deve entregar os resultados até o dia 30 de novembro, conforme disse o ministro da Agricultura, Antônio Andrade.
A disputa começou devido à suspensão da compensação mensal que Washington se comprometeu a pagar aos produtores brasileiros de algodão, depois de perder disputa com o Brasil na Organização Mundial do Comércio (OMC) sobre os subsídios concedidos aos cotonicultores americanos.
A criação do grupo é considerada pelo governo como uma forma de mostrar que o Brasil pode levar adiante a disputa e ganhar tempo enquanto a ‘farm bill’ – uma nova legislação agrícola – é discutida nos Estados Unidos. O ministro da Agricultura confirmou que o Brasil vai aguardar um desfecho. ‘Nem mesmo se eles quisessem pagar teriam dinheiro para pagar’, disse Andrade na saída da reunião da Camex. Além disso, Andrade também informou que o Itamaraty enviará um comunicado aos EUA repudiando o fim do pagamento.
Ao mesmo tempo, grandes empresas americanas estão alertando os membros do Congresso que a decisão do governo de Barack Obama pode levar à perda de exportações e de empregos pelo risco de retaliação brasileira.
Uma coalizão de grandes empresas americanas enviou carta a todos os membros do Congresso dos EUA alertando que uma retaliação por parte do Brasil no caso do algodão poderá custar mais de US$ 2 bilhões em exportações e perda de 14 mil empregos americanos.
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