Por Assis Moreira | De Genebra
O Brasil foi o campeão mundial no crescimento de importações nos primeiros sete meses do ano, num cenário de deterioração da demanda global, segundo estatísticas da Organização Mundial do Comércio (OMC). O país aumentou em 9,4% as importações em valor de janeiro a julho, comparado a igual período do ano passado.
Esse percentual não foi superado por nenhuma outra grande economia. Em volume, as importações brasileiras cresceram mais rapidamente do que quase todo o resto do mundo, em 8,7% até julho, só atrás dos 9,3% da China e 8,8% da Turquia.
As exportações brasileiras, por outro lado, declinaram em valor 2,2%, de janeiro a julho, a menor queda entre países produtores de commodities. Na Rússia, a queda, pelo mesmo critério, foi de 17%. Houve redução de vendas externas também na Austrália (6%) e África do Sul (4,8%). As vendas chineses cresceram 9,5%. Em volume, as exportações do Brasil subiram 0,6%.
Analistas estimam que a desvalorização de moedas de emergentes, entre 10% e 20% este ano, conforme o país, e uma ligeira recuperação em economias desenvolvidas e na China, podem melhorar as perspectivas das exportações, principalmente dos exportadores de commodities. As importações, por sua vez, ficaram mais caras.
Ontem, a OMC anunciou oficialmente uma revisão para baixo das projeções para o crescimento do comércio mundial este ano – de 3,3% para 2,5%. Isso reflete os efeitos da recessão econômica na Europa, o maior mercado do mundo, que comprimiu renda e reduziu a demanda para todos os produtos, incluindo os bens importados.
As importações de países em desenvolvimento aumentaram 12% nos últimos dois anos, enquanto as compras feitas pelas economias desenvolvidas registraram estagnação, ou continuaram a cair. Ou seja, os emergentes continuaram a compensar parcialmente a queda na demanda dos países ricos.
A nova projeção da OMC prevê para este ano alta de 1,5% nas exportações dos desenvolvidos, e de,6% nos emergentes. No lado das importações, a expectativa é de queda de 0,1% no caso dos desenvolvidos e demanda mais robusta, de 5,8%, pelos países em desenvolvimento.
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