Por Rodrigo Pedroso | De São Paulo
O ministro do Planejamento da Argentina, Julio de Vido, se reuniu ontem com empresários e a diretoria da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), na capital paulista, e pediu investimentos brasileiros em projetos de infraestrutura nos setores de energia e de telecomunicações argentino.
A carteira de projetos contém 11 obras, que somam US$ 20 bilhões. A Argentina quer atrair principalmente empreiteiras, como Andrade Gutierrez, Odebrecht e Camargo Corrêa. Após a apresentação, que contou com participação de cerca de 60 empresários, houve reuniões individuais das construtoras com Vido.
Thomas Zanotto, diretor de relações internacionais e comércio exterior da Fiesp, disse que os projetos argentinos estão com etapas avançadas em licenças ambientais e mitigação de impactos sociais, o que entusiasmou os empresários brasileiros presentes. ‘São projetos entre US$ 1 bilhão e US$ 2 bilhões, que não são pequenos, mas também não são megaempreendimentos e, por isso, possuem risco menor’, afirmou Zanotto.
A principal dúvida dos empresários ficou por conta de como seria o sistema de garantias bancárias para a modelagem financeira dos projetos em função da restrição de entrada e saída de dólares adotada pelo governo argentino. ‘Mas as obras se mostraram bem interessantes. Pelo que entendemos das conversas, quem aparecer com o financiamento tem sinal verde para tocar o projeto’, disse o diretor da Fiesp.
Os industriais aproveitaram a reunião em São Paulo para marcar novo encontro, no início de 2014, para discutir o comércio bilateral entre os países, principalmente as novas restrições argentinas à importação de veículos, anunciada nesta semana. O governo argentino decidiu impor tarifa de importação de 30% para automóveis entre US$ 170 mil e US$ 210 mil e de 50% para veículos acima de US$ 210 mil. A segunda é a meta de restringir até 27,5% a importação de carros.
Após exame preliminar, a Fiesp diz que a indústria brasileira automotiva não será afetada pelo aumento das taxas, já que as vendas à Argentina estão concentradas em carros populares e de preços médios. ‘Até o encontro do ano que vem, a medida estará mais clara e poderemos discutir melhor os detalhes sobre as restrições para ver até onde pode afetar a indústria brasileira’, afirmou Zanotto.