Os quatro países da Aliança do Pacífico ampliaram suas importações de produtos brasileiros no primeiro semestre deste ano, de acordo com informações do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC).
Exemplo maior disso é o Chile. Entre janeiro e junho de 2017, o país gastou US$ 2,482 bilhões com as aquisições, um aumento de 32,2%, na comparação com igual período do ano assado. Assim, os chilenos chegaram à quinta posição entre os maiores importadores do Brasil, superando potências econômicas como a Alemanha e o Japão. Entre os latino-americanos, eles são superados apenas pelos argentinos.
Na nona posição entre os principais compradores, o México expandiu suas aquisições em 18,9%, com o gasto de US$ 2,192 bilhões em seis meses. Mais abaixo na tabela, Colômbia (4,6%) e Peru (16,2%) também importaram mais dos brasileiros no primeiro semestre.
A evolução de acordos comerciais com esses países é um dos principais motivos para o aumento das trocas, afirma Edgard Vieira, consultor da Barral M Jorge.
“Há um avanço de tratados com México e Colômbia, por exemplo. Mesmo que ainda não estejam valendo, eles são uma sinalização positiva e já estimulam as exportações.”
Na semana passada, os ministros Marcos Pereira, do MDIC, e Aloysio Nunes Ferreira, do Itamaraty, assinaram um Acordo de Complementação Econômica (ACE) entre o Mercosul e a Colômbia. Segundo o MDIC, o acerto deve favorecer os embarques de automotivos, têxteis e siderúrgicos.
Também na semana passada, Pereira afirmou que uma das atuais prioridades do Mercosul é a aproximação com a Aliança do Pacífico, bloco econômico que conta com a participação de México, Colômbia, Chile e Peru.
Em situação diferente da União Europeia, que também é cortejada pelo Mercosul, a Aliança do Pacífico conta com governos mais favoráveis à abertura comercial, o que facilita o avanço de novos acordos, afirma Gabriel Cepaluni, professor de relações internacionais da Universidade Estadual Paulista (Unesp).
“Além disso, a ameaça dos Estados Unidos de reduzir as relações com os latinos, especialmente o México, fortalece a necessidade de os acordos na América Latina prosperarem”, acrescenta o entrevistado.
A superação da crise política no Brasil, talvez após as eleições de 2018, também poderia incentivar esse movimento. “Estamos com muitos problemas internos, o que complica a condução da política internacional”, diz Cepaluni.
Manufaturados em alta
A melhora da situação econômica na América Latina cria um cenário mais favorável para as exportações. Segundo o Banco Mundial, o Produto Interno Bruto (PIB) da região deve crescer 0,8% neste ano, após um recuo de 1,4% em 2016.
“Essa tendência de alta possibilita a retomada do comércio na região”, diz Vieira, que também destaca a maior presença de empresas brasileiras no comércio internacional por causa da crise. “Alguns setores, como o automotivo, intensificaram a busca por compradores fora do País, já que a demanda interna é fraca.”
Os especialistas também destacam que os latino-americanos aparecem entre os principais compradores de manufaturados brasileiros. Esses produtos costumam ter maior valor agregado que as commodities, o que favorece o desenvolvimento econômico.
No caso do México, por exemplo, os três produtos mais comprados do Brasil são industrializados: veículos para passageiros, semimanufaturados de ferro ou aço e automóveis de carga. A importação dos três cresceu, no confronto com o primeiro semestre do ano passado, e pode aumentar mais se o ACE 53, negociado entre os países, avançar.
Já o Peru possui chassis com motor e tratores na segunda e terceira posições entre os produtos mais comprados dos brasileiros. Um amplo acordo entre os países, que ainda depende de aprovação do Legislativo peruano, pode incentivar as trocas comerciais. Além das exportações, o tratado tem capítulos sobre investimentos e compras públicas.
A indústria automotiva também possui forte presença na Colômbia. Lá, os veículos para passageiros lideram a lista de itens mais comprados do Brasil neste ano, com um aumento de 152,2%, na comparação com igual período de 2016.
Renato Ghelfi