Entre os dias 19 e 20 de agosto deste ano, a presidente Dilma Rousseff recebeu, em Brasília, a chanceler alemã, Angela Merkel, e sua delegação de Ministros e Vice-Ministros de Estado. A visita teve como ponto central a inauguração de um mecanismo de diálogo de altíssimo nível entre Brasil e Alemanha, a fim de solidificar e ampliar a eficácia da relação bilateral.
No que se refere ao Acordo de livre comércio entre o Mercado Comum do Sul (MERCOSUL) e a União Europeia (UE), as duas chefes de Estado se mostraram determinadas em influenciar positivamente os demais Membros dos blocos para que haja um maior engajamento dos países em destravar esse impasse nas negociações comerciais, que se estende desde o ano de 1999.
Nesse sentido, em entrevista recente à agência de notícias Reuters, o chanceler do Uruguai, Rodolfo Nin Novoa, informou que o MERCOSUL tem preparado uma lista de ofertas mais ampla ao bloco europeu, que cobre 87 por cento dos bens e serviços e propõe uma redução gradual das tarifas ao longo de um período de 15 anos. A expectativa é que esta troca de ofertas ocorra em setembro deste ano[i].
Ainda que o possível acordo MERCOSUL-UE não tenha sido o tema principal da agenda das chefes de Estado, foram realizadas várias declarações de intenção conjuntas com foco no fortalecimento no grau de cooperação entre os dois governos em diversas áreas, tais como: econômica; educacional, científica e social; de governança global e; meio ambiente.
Assim, foram anunciadas iniciativas que abarcam desde a exploração de terras raras, o intercâmbio de dados em pesquisas marinhas, projetos de inovação industrial, financiamentos alemães em projetos de mobilidade urbana e energias renováveis, até contribuições no valor de 23 milhões de euros ao projeto de regularização ambiental de imóveis rurais localizados na Amazônia.
Brasil e Alemanha iniciaram sua parceria estratégica em 2002. Atualmente, os alemães são nossos principais parceiros comerciais na Europa. Somente em 2014, estima-se que as exportações brasileiras destinadas à Alemanha tenham sido de US$ 6,6 bilhões[ii].
Observa-se que a ferramenta de Consultas Intergovernamentais de Alto Nível tem se tornado extremamente importante ao Brasil, uma vez que possibilita o aprimoramento da relação bilateral entre os países, principalmente nas áreas econômica, tecnológica e comercial – note-se que a Alemanha é hoje o 4º maior parceiro comercial do Brasil -, consideradas prioritárias para o Brasil. Prevê-se que o recrudescimento da relação entre os países levará a uma desejada diversificação do comércio bilateral, com nítidas vantagens para o Brasil que mira um aumento na participação de bens de maior valor agregado na sua pauta de exportações para a Alemanha.
[i] REUTERS. Mercosur ampliará lista de bienes para acuerdo comercial con la Unión Europea. Disponível em: < http://lta.reuters.com/article/businessNews/idLTAKCN0R21Q420150902>. Acesso em: 03 set. 2015.
[ii] Dado disponível em: <http://www.itamaraty.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=4801:republica-federal-da-alemanha&catid=155&lang=pt-BR&Itemid=478>. Acesso em: 04 set. 2015.
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Bacharela em Direito pela Universidade de Brasília (UnB), Andrezza integra o núcleo de Comércio Internacional da Barral M Jorge desde 2013. Foi estagiária da Divisão de Assuntos Políticos, Institucionais, Jurídicos e Sociais do Mercosul no Ministério das Relações Exteriores (2012 – 2013). Anteriormente, realizou trabalho voluntário como assistente de pesquisa da consultora de Operações de Paz e Haiti da ONG Viva Rio, em Washington, DC, EUA (2010 – 2011). Colaborou com o artigo “Latin America’s Involvement in the United Nations Peace Operations and Brazil’s Engagement as a Key Player”, publicado pela Canadian Peacekeeping Press (The Pearson Papers; vol. 13, 2011) e a pesquisa sobre aspectos da cooperação sul-sul entre Brasil e África (2011).
