Por Assis Moreira | De Lausanne (Suíça)
A batalha diplomática entre o Brasil e o México vai agora se intensificar especialmente na América Latina, na busca de mais apoios para seus candidatos à Direção-Geral da Organização Mundial do Comércio (OMC). A OMC anunciará hoje a eliminação de quatro dos nove candidatos, após a primeira consulta feita aos 159 países membros, devendo acirrar a disputa.
Os primeiros derrotados são da Costa Rica, Gana, Quênia e Jordânia. Visivelmente, nem os africanos votaram em seus candidatos, apesar de cada país ter podido apontar quatro nomes preferenciais. A disputa ficará agora entre dois candidatos da América Latina, Brasil e México, e três da Ásia-Pacífico, Indonésia, Coreia do Sul e Nova Zelândia.
A queda da ministra de Comércio da Costa Rica, Anabel González, que a pegou de surpresa fazendo campanha na África, deixa campo para o confronto entre o Brasil e o México na América Latina. Essa é uma briga de influência regional, atentamente acompanhada por observadores externos que levam em conta o desempenho econômico dos dois países e suas políticas comerciais.
A opinião preponderante na cena comercial em Genebra, porém, é a de que o brasileiro Roberto Azevedo leva vantagem e continua pavimentando o terreno para a fase final. O candidato do México, Herminio Blanco, teria menos entrada nas nações em desenvolvimento do que em países desenvolvidos, e o grau de aversão a ele é a ser também considerado.
O candidato Tim Groser, da Nova Zelândia, dificilmente tem margem de avanço para o segundo turno. Os Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) e mesmo certos países desenvolvidos dizem que desta vez o novo diretor da OMC deve vir de um país em desenvolvimento. O candidato da Coreia do Sul, uma surpresa para a segunda rodada, tampouco tende a prosperar quando as delegações tiverem de apontar menos os nomes preferenciais.
A percepção comum em Genebra é de que os finalistas serão Azevedo e a candidata da Indonésia, Mari Pangestu, portanto dois grandes emergentes da América Latina e da Ásia. Algumas delegações notam informalmente que ambos vêm justamente de países com políticas comerciais restritivas, nos últimos tempos.
A diferença é que Azevedo agrega mais consenso e é reconhecido como mais qualificado. Muita articulação diplomática vai ocorrer de agora até meados de maio, quando deve haver a decisão final.
A segunda rodada de consultas, a chamada ‘rodada de fogo’, ocorrerá a partir da semana que vem, entre os dias 16 e 23. Cada delegação será ‘exortada’ a apontar dois nomes que consideram capazes de levar ao consenso. Dessa vez serão eliminados três candidatos, sobrando dois para a etapa final.
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