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A investigação da China contra o suposto dumping praticado pela indústria de carne de frango do Brasil pode ter implicações tarifárias ainda este ano. A China pode taxar o Brasil antes de concluir a investigação, afetando gravemente as exportações brasileiras.

Na sexta-feira, o Ministério do Comércio chinês anunciou a abertura de uma investigação sobre exportadores do Brasil. Os chineses suspeitam que os brasileiros vendem carne de frango na China com preços mais baixos do que no mercado brasileiro.

Hoje, a China é o terceiro principal comprador da carne de frango do Brasil. Entre janeiro e julho, gastaram US$ 438 milhões para importar 226,5 mil toneladas de carne de frango do Brasil, cerca de 10% do total, segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex) e a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).

O presidente da ABPA, Francisco Turra, diz que essa não é a primeira vez que um país importador se insurge contra a carne de frango do Brasil. “Em 2010, a Ucrânia entrou com processo e, em 2012, a África do Sul. Vencemos os dois processos”, disse. Em sua avaliação, a investigação aberta pela China é fruto do lobby de produtores locais, que enfrentam problemas sanitários. Eles vêm perdendo espaço nos últimos anos, embora ainda forneçam mais de 90% da carne de frango consumida na China.

A perda de espaço dos chineses tem como pano de fundo a ampla oferta de grãos no Brasil, o que confere competitividade à indústria nacional de carne de frango, diz Turra. “Nós exportamos soja e a China importa. Então, é difícil competir com o Brasil”. Milho e farelo de soja são os principais insumos da ração dos frangos.

Competitivo ou não, o Brasil terá responder ao questionamento chinês. Nesta primeira fase, as empresas brasileiras que exportam à China têm 20 dias para enviar um formulário ao país asiático. Após o envio, os chineses prosseguirão com a investigação, e poderão pedir novos documentos. Se no curso dessas investigações o governo chinês entender que houve prática de dumping, uma tarifa antidumping provisória pode ser aplicada.

Em média, a decisão sobre a tarifa provisória é anunciada entre três e quatro meses após o início da investigação, segundo Renata Amaral, diretora da consultoria Barral M Jorge. Na prática, o Brasil poderá sofrer com uma tarifa provisória já neste ano.

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