A tensão geopolítica causada pela anexação da Crimeia pela Rússia acabou chegando ontem à Organização Mundial do Comércio (OMC).
Acusada pela Ucrânia de ‘invasão’ da Crimeia e sendo especialmente questionada por vários países por causa de barreiras comerciais, a Rússia reagiu fazendo advertências. Reclamou por sua vez que vem sofrendo ‘medidas restritivas ao comércio declaradas por certos membros da OMC’ e alertou contra o uso de medida comercial ‘para resolver problemas políticos’. O alvo principal é Washington e Bruxelas, mas Moscou na prática advertiu os parceiros em geral a não usarem ‘motivações políticas quando se tratar de comércio’.
A Rússia atacou especificamente a sanção imposta pelo presidente dos EUA, Barack Obama, que bloqueou ativos de cerca de 20 autoridades russas, incluindo o vice-primeiro-ministro, Dmitri Rogozin, e alguns parlamentares e assessores próximos do presidente Vladimir Putin. Também a União Europeia (UE) adotou sanções contra 21 personalidades russas e ucranianas julgadas responsáveis pela anexação da Crimeia pela Rússia. Moscou disse que examina os efeitos sobre operadores russos e que as sanções podem potencialmente violar acordos da OMC. Disse também que a Crimeia se uniu à Rússia com 95% dos votos.
Também questionou o tratamento preferencial temporário que a UE anunciou para produtos da Ucrânia. Reclamou que se trata de preferência unilateral e pode prejudicar outros parceiros sem o mesmo tratamento.
A UE disse que a Rússia continua elevando barreiras ao comércio e lembrou que já abriu duas denúncias recentes na OMC, uma contra proibição à entrada de sua carne suína e outra afetando produtos lácteos, batata e animais vivos.
Os europeus acusam a Rússia de também ter atingido 150 produtos com tarifas de importação mais altas do que está autorizada pela OMC, afetando caminhões, papel e outros. O Japão queixou-se de alíquota maior imposta a refrigeradores e aparelhos de televisão.
A própria Ucrânia acusou Moscou de proibir a entrada em seu mercado de produtos lácteos e confeitaria. Taiwan, Austrália, Nova Zelândia, Coreia do Sul e Suíça igualmente se queixaram de barreiras comerciais russas. Já Moscou disse que está em conformidade com as regras da OMC.
Enquanto na OMC a Rússia denunciava as ‘motivações políticas’, Putin ameaçava ontem começar a exigir pagamento adiantado da Ucrânia pelo gás russo. O presidente disse que no contrato com a Gazprom está previsto o pagamento adiantado, mas que recomendaria à estatal ‘realizar consultas adicionais’ antes de aplicar a medida.
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