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Indonésia: Barral critica política externa de Dilma e prevê danos ao comércio exterior do País

By 26 de February de 2015No Comments

Brasília – “A presidente Dilma Roussef está fazendo a diplomacia da pirraça”. A frase, ouvida de um colaborador na Barral M Jorge Consultoria, é usada por Welber Barral para definir a atitude da presidente Dilma ao recusar-se a receber as credenciais do embaixador Toto Ryanto, designado pelo governo da Indonésia para chefiar a missão diplomática do país em Brasília.

Para Barral, a única forma de contornar o problema seria remarcar para o mais breve possível a entrega das cartas credenciais, mas ele próprio admite que “isso não será feito”.

Na opinião de Barral, Dilma “errou fragorosamente ao tratar o embaixador daquela maneira”. Ex-secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Barral acredita que o gesto da presidente terá graves reflexos nas relações comerciais entre a Indonésia e o Brasil e especificamente nas exportações de aviões e equipamentos de uso militar brasileiros para o país asiático.

Segundo Barral, “a presidente poderia até ter se recusado a receber as credenciais do diplomata, mas jamais poderia ter feito o que fez. Foi um erro diplomático muito grande. Uma humilhação desnecessária e inaceitável”.

O sócio senior da BarralMJorge Consultoria, profundo conhecedor das relações do Brasil com a Indonésia, destaca que “a repercussão do fato na imprensa  indonésia foi a pior possível. O sentimento era de que o presidente do país, Joko Widodo, fora  duplamente acuado pelo governo brasileiro.”

Welber Barral, sócio senior da BarralMJorge consultoria

Welber Barral, sócio senior da BarralMJorge consultoria

Violação da soberania

Ele também destaca que há dois sinais importantes a sublinhar: “o primeiro deles mostra que a presidente Dilma não mede as consequências no exterior das ações que ela adota aqui. O outro ponto a mencionar é o fato de que a presidente não compreende, como deveria,  quanto grave pode ser a violação da soberania ou da dignidade de um país terceiro. A presidente foi citada pelo jornal Jakarta Post, com destaque, deixando transparecer que em sua opinião o comércio do Brasil com a Indonésia era irrelevante pois correspondia a menos de 1% de todo o comércio exterior brasileiro. Essa declaração foi retirada de seu verdadeiro contexto e não tinha esse exato sentido mas teve grande divulgação na imprensa indonésia”.

Para o consultor, o tratamento descortês dispensado ao embaixador Ryanto é apenas mais um na coleção de equívocos acumulados pela presidente Dilma Rousseff desde sua posse para o primeiro mandato, há quatro anos: “os fatos se sucedem. Tivemos o caso da destituição do presidente do Paraguai, Fernando Lugo, com a complacência do governo brasileiro, o acordo automotivo com o México, as filas de embaixadores aguardando meses e até mesmo um ano para entregar suas credenciais no Palácio do Planalto, o esvaziamento do Itamaraty e agora a questão da Indonésia. Uma verdadeira coleção de trapalhadas”.

Prejuízos ao comércio

Welber Barral não tem dúvida de que as arestas criadas pela presidente na seara diplomática já estão se refletindo nas relações comerciais do Brasil com a Indonésia. Em relação ao possível cancelamento pelo governo indonésio das compras de aviões BEM-314 Super Tucano para equipar as forças aéreas do país, ele afirma que “não sei como está a situação, mas no caso do contrato para fornecimento do unidades do Sistema de Foguetes de Artilharia para Saturação de Área (conhecido como ASTROS), fabricados pela Avibrás e objeto de um importante contrato com a Indonésia, ao que me consta, o governo de Jakarta já teria avisado à Avibrás que vai suspender as compras. O contrato ainda não começou a ser cumprido. Trata-se de uma exportação fundamental para a Avibrás, tanto em termos de volume quanto em matéria de receita. Seu eventual cancelamento será um duro golpe para a empresa”.

Após destacar que “como é sabido por todos, a presidente não tem nenhum interesse pela política externa”,Welber Barral ressalta que ainda assim existem vários motivos pelos quais o governo brasileiro terá que encontrar uma maneira de solucionar o contencioso diplomático criado pelas ações intempestivas da presidente Dilma Rousseff: “em 2014, as trocas comerciais entre os dois países totalizaram mais de US$ 4 bilhões e as exportações brasileiras, concentradas principalmente em produtos básicos, pode ser muito mais diversificada. A Indonésia é um mercado onde as empresas brasileiras podem fazer muitos bons negócios”.

Wélber Barral destaca ainda outro importante motivo para o Brasil aparar as arestas com a Indonésia: “é preciso lembrar que os dois países tiveram uma importante ação conjunta na reunião da Organização Mundial do Comércio realizada ano passado em Bali, em dezembro de 2013, e essa ação foi de grande importância para que a OMC fechasse seu primeiro acordo em quase vinte anos para facilitar o comércio global. A Indonésia é um importante parceiro do Brasil e como tal deve ser tratada”.

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