Por Rodrigo Pedroso | De São Paulo
As empresas brasileiras que atuam no exterior têm 68% de suas receitas internacionais obtidas em mercados em rápido crescimento. Essa é uma das constatações de estudo sobre a participação das empresas latino-americanas no crescimento global, a ser lançado hoje pela consultoria Ernst & Young Terco, que mapeia também a importância de economias emergentes para o crescimento de companhias instaladas no Brasil.
Apenas a China, em uma década, deverá gerar um volume de negócios com os brasileiros da ordem de US$ 125 bilhões, montante três vezes maior que o registrado atualmente. A estimativa é que em 2021 esse valor será maior que o obtido com os mercados latino-americano e norte-americano somados.
Realizado entre novembro e dezembro do ano passado, o estudo ‘Time to Tune in: Latin American Companies Turn Up the Volume on Global Growth’ mostra que empresários brasileiros possuem traços singulares que devem ser explorados, como maior flexibilidade a variações macroeconômicas. Por outro lado, as companhias brasileiras demandam principalmente estabilidade econômica e política para poder investir em outro país. Foram ouvidos 600 empresários latino-americanos, sendo 171 brasileiros
André Ferreira, sócio-líder de mercados estratégicos da Ernst & Young, diz que a maior parcela do faturamento vindo de 25 países considerados como mercados de rápido crescimento sugere haver uma movimentação do dinheiro atrás das oportunidades. ‘Obviamente há grandes negócios em mercados mais maduros como os Estados Unidos, mas nos emergentes há muitas carências e oportunidades. Outra explicação para esse dado é a natural ascendência brasileira na América do Sul e África.’
Outra constatação é que o olhar a mercados fora do Brasil pode resolver problemas de competitividade no mercado interno. A competição com outras empresas e a necessidade de aprendizagem, parceria e inovação para vingar em outras regiões do mundo são pontos que devem ser explorados pelos empresários, segundo Ferreira. ‘A experiência no exterior faz com que haja maior troca e soluções para problemas’, diz.
A região do globo com maior peso nas receitas externas para os empresários brasileiros é a América do Norte. Cerca de 50% das empresas obtêm divisas significativas nos mercados norte-americano e canadense. Classificado pelo estudo no grupo dos países latino-americanos, o México é um país de negócios para 30% dos entrevistados. A Argentina aparece como segunda maior fonte de receita, com 47%. A China fica atrás dos mexicanos, com 28%.
A estratégia geral que as empresas costumam adotar é a expansão pela exportação direta ou parcerias com fornecedores locais. Quando estão em países latino-americanos, as companhias brasileiras são mais propensas a estabelecer um ponto a partir do qual se distribuem os produtos. Uma vez no exterior, as empresas apontam que possuem mais dificuldades, segundo 61% delas, em encontrar parceiros locais confiáveis.
‘É importante saber escolher e diligenciar os parceiros. Outro fator de peso para se obter sucesso no exterior é uma boa gestão de análise de risco para aproveitar as bolhas de crescimento nos mercados emergentes’, afirma Ferreira.
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