No dia 18 deste mês, José Serra (PMDB/SP) assumiu a chefia do Ministério das Relações Exteriores (MRE). Apesar do órgão ter englobado a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), que levou consigo um orçamento de R$ 590 milhões, o Ministério conta atualmente com recursos escassos para seu funcionamento. A verba destinada a ele caiu de 0,5% do PIB em 2003 para 0,13% em 2015.
Além da pouca arrecadação, a dívida do Brasil com organismos internacionais, como a Organização das Nações Unidas (ONU), gira entre 2 e 3 bilhões de reais e pode causar a exclusão de voto em foros internacionais importantes.
Como planejamento para reverter a situação, Serra listou em seu discurso de posse dez diretrizes que serão seguidas por ele para ampliar a presença do Brasil nas negociações comerciais e fortalecer o comércio exterior. Veja abaixo as diretrizes elencadas:
O discurso de Serra apontou uma ruptura com a política externa do governo anterior. Ele reforçou a necessidade de flexibilizar o acordo do Mercado Comum do Sul (Mercosul) para que possam ser criados novos acordos multilaterais. Isso porque, desde 2000, uma resolução do Mercosul proíbe que membros negociem acordos que incluam preferências tarifárias com terceiros. O atual Ministro pretende tirar o foco do modelo Sul-Sul, buscar novos parceiros comerciais e diversificar as exportações para os parceiros atuais.
Outra medida apontada por Serra, foi a aproximação da Argentina, país que, de acordo o Ministro, compartilha referências semelhantes para a reorganização da política e da economia. Para dar início a ação diplomática, apenas um dia após sua posse, Serra marcou uma visita a Buenos Aires para conversar com o atual Presidente Mauricio Macri.
Em conversa com o portal argentino iProfesional, Welber Barral, Sócio da Barral M Jorge, afirmou que “a visita de Serra a Buenos Aires tem um impacto político muito forte, porque é uma figura transcendente e tem aspirações para concorrer à presidência do Brasil em 2018 ‘. Ele ainda ressaltou que ‘a figura do Chanceler hoje tem um significado muito mais importante do que teve durante os últimos anos. Hoje o Itamaraty tem uma influência e um poder que não tiveram durante o tempo do governo anterior”, afirmou Barral.
Apesar do pulso que Serra tem demonstrado, o tucano poderá enfrentar resistências. A própria situação de penúria pode induzir determinadas demandas corporativistas, como revisões salariais e aumento de benefícios.
Renata Amaral, Coordenadora de Comércio Internacional da Barral M Jorge, concedeu entrevista à Revista Exame e afirmou que “empresários e diplomatas terão de aprender a interagir mais diretamente. A ideia é que o Ministério seja pragmático, com interação com o setor privado para que os acordos avancem. Empresários estão muito acostumados com o Ministério do Desenvolvimento, mas a dinâmica será diferente. Serra também terá que se acostumar”, afirma a consultora.
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