Relatório da Organização Mundial do Comércio (OMC) sobre o ambiente comercial internacional confirma o Brasil como o campeão de abertura de investigações contra importações com preços supostamente desleais, com 51 casos entre novembro de 2013 e setembro deste ano. Os Estados Unidos ficaram em segundo, com 22 aberturas de investigações.
Ao discutir o relatório ontem com países-membros, o diretor-geral da OMC, Roberto Azevêdo, acionou o alarme contra o aumento de restrições ao comércio introduzidas desde 2008, insistindo que isso traz um ‘claro risco’ num cenário economico já deprimido.
‘As atuais perspectivas para a produção mundial e para o comércio estão longe de ser favoráveis’, declarou Azevêdo. Com a economia mundial desacelerada, a projeção para o comércio mundial baixou para 3,1% este ano e 4% no ano que vem, inferiores à média dos últimos 20 anos antes da crise global. Enquanto alguns analistas indagam se a menor expansão do comércio mundial é agora permanente, as recentes tendências de política comercial são inquietantes, admite Azevêdo.
Desde 2008, de 2.146 medidas restritivas ao comércio, apenas 508 foram removidas, ou 24%. O diretor da OMC aponta evidencias mais recentes de que restrições comerciais estão aumentando os atritos entre países membros, numa referencia indireta a União Europeia e Rússia, por exemplo.
Outra questão monitorada pela OMC é a relação entre acordos regionais de comércio e regras do sistema multilateral. Até metade de outubro, foram notificados 253 acordos regionais. Mas há 63 outros ainda não informados.