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País pede apoio de presidente francês na negociação para acordo UE-Mercosul

By 13 de dezembro de 2013No Comments
Por Daniel Rittner, Andrea Jubé e Bruno Peres | De Brasília
Diante de uma plateia de grandes empresários e autoridades de primeiro escalão do governo francês, o ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, fez um apelo para que haja avanços nas negociações para um acordo de livre comércio entre a União Europeia e o Mercosul. ‘Precisamos do acordo para aprofundar as nossas relações’, afirmou o ministro, durante um fórum empresarial Brasil-França, em Brasília.
No encontro com o presidente francês, François Hollande, que iniciou ontem visita oficial ao Brasil, a presidente Dilma Rousseff também pediu o apoio da França para o avanço das negociações entre os dois blocos e a criação de uma área de livre comércio. Hollande, por sua vez, prometeu, em declaração à imprensa feita após reunir-se com a presidente brasileira, empenho por parte de seu país para que Mercosul e União Europeia possam iniciar ‘muito rapidamente’ um acordo ‘satisfatório’.
A ministra francesa de Comércio Exterior, Nicole Bricq, que fez rápido discurso no fórum e ouviu o apelo do ministro do Desenvolvimento, não se referiu diretamente ao acordo UE-Mercosul. A França é tida como um dos países europeus mais resistentes ao avanço das negociações, junto com a Irlanda e a Polônia, por ser grande produtora de bens agrícolas.
‘Queremos ter o mesmo acesso, no mercado europeu, que as empresas europeias têm no Brasil’, cobrou Pimentel durante discurso no fórum. Ele havia mencionado a presença de companhias como Total, GDF Suez, Casino, Renault, Peugeot e Accor no país.
De acordo com Pimentel, houve ‘surpresa’ no governo brasileiro e ‘decepção dos analistas menos informados’ com o adiamento da entrega de uma proposta pela UE. A troca de ofertas de liberalização comercial estava prevista para a próxima semana, mas só deverá ocorrer em janeiro, a pedido dos europeus.
Neste ano, segundo Pimentel, o déficit do Brasil com a França deverá alcançar US$ 3 bilhões. ‘Mas nós não nos queixamos’, disse o ministro, lembrando que o Brasil importa produtos como bens de capital e aviões, além de insumos na área de química fina, que são produtos que aumentam a competitividade do país. Em 2012, o comércio bilateral atingiu US$ 10 bilhões e o objetivo dos dois governos é duplicá-lo em um prazo de dez anos.
Na solenidade de recepção a Hollande, Dilma exaltou a parceria entre os dois países, os laços históricos e culturais, e ressaltou a cooperação econômica, sobretudo nas indústrias de defesa e bens de alta tecnologia. Um dos atos conjuntos assinados ontem envolveu o grupo francês Thales, que vai atuar na construção de um satélite geoestacionário, de defesa e comunicações, para uso militar e civil. O projeto, avaliado em R$ 1,3 bilhão, tem a participação da Visiona, uma joint venture entre Telebrás e Embraer. O presidente mundial da Thales, Jean-Bernard Lévy, integra a comitiva de Hollande
Dilma salientou que, apesar da crise financeira internacional, o comércio bilateral registrou ‘expressivo crescimento’ nos últimos cinco anos. ‘O vibrante e diversificado vínculo entre nossas economias explica o expressivo intercâmbio comercial bilateral e os crescentes fluxos de investimento de lado a lado’, disse.
Hollande ressaltou que a França investe cerca de € 2 bilhões por ano no Brasil. E defendeu um assento no Conselho de Segurança das Nações Unidas para o Brasil. Na última década, o governo brasileiro intensificou a articulação para compor o colegiado, que tem poder de veto, sem sucesso. Além da França, fazem parte do conselho a China, Estados Unidos, Reino Unido e Rússia.
Da série de acordos bilaterais firmados ontem entre os dois governos, Dilma destacou o lançamento do Fórum Econômico Brasil-França, para consolidar um canal permanente de diálogo econômico-comercial entre os dois países. A largada acontece hoje, em encontro na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), que será inaugurado por Dilma e Hollande.
Outro acordo prevê a transferência de tecnologia para implantação de computação de alto desempenho no Brasil, que inclui a aquisição de um supercomputador da Bull, empresa de informática francesa. Também foram assinados acordos que incentivam a cooperação entre os ministérios dos dois países para o setor de agropecuária.
Dilma também destacou a implantação do Programa de Desenvolvimento de Submarinos da Marinha do Brasil (Prosub), que prevê a construção conjunta de quatro submarinos convencionais e um de propulsão nuclear, com transferência de tecnologia e a nacionalização de processos produtivos.
Os dois países ampliaram a cooperação educacional, aumentando a oferta de bolsas para estudar na França no programa Ciências sem Fronteiras. E criaram um programa de ‘férias-trabalho’, a fim de autorizar os jovens a permanecer no território do cooperado por até um ano, para fins primordialmente de turismo, com a possibilidade de trabalhar para complementar a renda.
Brasil e França também serão parceiros na construção de uma ordem mais ‘justa, igualitária e mais democrática’. Nesse ponto, Dilma agradeceu o apoio francês à iniciativa brasileira e alemã nas Nações Unidas em defesa do direito à privacidade na era digital. E declarou que espera contar com um representante francês na reunião multissetorial global para discutir o futuro da internet, que acontecerá em abril em São Paulo.
Dilma encerrou o evento com uma tirada bem-humorada sobre a Copa do Mundo. ‘Desejo muita sorte à seleção francesa, exceto contra o Brasil’, e declarou que seu governo vai realizar ‘a Copa das Copas’.
Embora a Dassault esteja representada na comitiva de Hollande, a presidente brasileira, sobre cuja mesa já estão todos os estudos, avaliações e recomendações sobre a compra de caças para a FAB, ainda não tomou uma decisão sobre a concorrência que envolve os caças franceses Rafale e os jatos da americana Boeing e da sueca Gripen.
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