As economias emergentes continuarão sendo um ‘motor importante’ da expansão do comércio mundial em 2014, avalia o diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Roberto Azevêdo. Segundo ele, os emergentes continuam com taxas de crescimento ‘mais vantajosas e interessantes’ que as economias desenvolvidas.
‘Os emergentes não estão com o mesmo vigor, a mesma pujança dos primeiros momentos que se seguiram à crise global, mas isso é natural’, afirmou Azevêdo. ‘Sabia-se que aquela pujança ia diminuir um pouco, porque os efeitos da crise iam chegar ali.’
Para o diretor da OMC, ‘era inevitável’ que os efeitos da crise chegassem aos emergentes em certo momento. ‘Mas é confortante ver que, apesar de todos esses efeitos, eles continuam evitando deflação, recessão.’
Conforme relatório da OMC aos países-membros, em 2013 o comércio internacional cresceu abaixo dos 2,5% previstos. Para 2014, a entidade agora fala em expansão de 4% a 4,5%, quando antes era mais incisiva no segundo percentual. Calcula que a expansão das trocas globais continuará abaixo da média histórica de 5,5% dos anos 90. Para analistas, o comércio mundial não cresce mais pela falta de demanda, e não por barreiras impostas por bom número de países.
Embora veja o terreno sendo gradualmente pavimentado para um crescimento mais acelerado das exportações, a OMC alerta para vários riscos que pesam sobre a economia global e que podem mudar esse cenário.
Exemplifica com efeitos da retirada da política monetária excepcionalmente expansionista nos EUA; negociação sobre o limite de divida dos EUA; ameaça de deflação e persistente crescimento baixo na zona do euro; expectativa de consolidação fiscal no Japão; e uma desaceleração mais forte no crescimento dos emergentes.
Parece claro que as turbulência na América Latina e Ásia, dependendo de sua persistência, vão enfraquecer a demanda por bens e serviços originários da zona do euro, EUA e Japão, podendo arranhar a incipiente recuperação dos desenvolvidos, concordam analistas.
Isso é ainda mais importante, quando se considera que, apesar da desaceleração das economias emergentes, esses países ainda respondem por uma fatia maior que a dos países mais ricos no crescimento do comércio internacional. (AM)