Os países do Mercosul não conseguiram acertar os detalhes de uma oferta única de liberalização comercial à União Europeia. A reunião técnica entre sócios do bloco, em Montevidéu, terminou sem um acordo definitivo em torno da proposta que será apresentada aos europeus. Segundo negociadores, a Argentina ainda não adotou uma postura de abertura do mercado local compatível com a dos demais parceiros. Uma última tentativa de conciliar posições será feita entre 11 e 13 de maio, em Caracas.
Apesar da falta de acordo, funcionários do governo brasileiro consideraram a reunião satisfatória e afirmam que houve evolução em vários aspectos. Não há mais divergências, por exemplo, nas cestas de ‘desgravação tarifária’ a produtos oriundos da UE. Em um acordo de livre comércio, cada conjunto de produtos tem um prazo para a eliminação completa de tarifas. Antes, a Argentina estava sem se entender nesse aspecto com Brasil, Paraguai e Uruguai.
O Valor apurou que os desentendimentos em torno das cestas – quantas serão e qual será o prazo de redução de alíquotas em cada uma delas – já foram superados. Agora, o consenso esbarra apenas na cobertura de uma proposta única. A UE exige tarifa zero para pelo menos 90% de suas mercadorias. Esse nível está próximo de ser atingido, mas ainda não foi alcançado, devido principalmente à resistência argentina de abrir mais seu mercado.
A expectativa do governo brasileiro é fazer uma troca de propostas com a UE até meados de junho. Mesmo com a dificuldade em ter uma oferta única, não se discute mais no Mercosul a possibilidade de encaminhar listas individuais (por países) aos europeus. A única hipótese de que os sócios do bloco voltem atrás nesse ponto seria um impasse definitivo em Caracas.
Apesar das dificuldades, no entanto, trabalha-se com a perspectiva concreta de fechar a oferta conjunta. Na próxima quarta-feira, haverá nova tentativa de aproximar as posições dos quatro países, em videoconferência.