O 1º Diálogo Agrícola Brasil-Argentina, promovido pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e pela Embaixada da Argentina, reuniu, na quarta (2), especialistas do agro para debater os desafios que os dois países enfrentam para ampliar a presença no comércio internacional.
Dividido em três painéis, o evento contou com a presença do presidente da CNA, João Martins e do embaixador da Argentina no Brasil, Carlos Magariños. A primeira discussão do dia abordou o tema “A visão do Brasil e da Argentina frente ao desafio de 2050: como prover alimentos, de forma sustentável, para 9 bilhões de habitantes?”.
O Subsecretário de Mercados Agroindustriais da Argentina, Jesús Silveyra, afirmou que os dois países sul-americanos possuem os recursos necessários para se tornarem os principais fornecedores de alimentos do mundo. “Em 2050, o mundo terá 7 bilhões de pessoas da classe média e o Brasil e a Argentina podem atender à demanda desse público”.
O presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Maurício Lopes, disse que o desafio do setor para 2050 é elevar a produtividade, reduzindo riscos, poupando recursos e utilizando tecnologias de baixo custo. “Precisamos responder às expectativas de uma sociedade mais exigente e de mercados competitivos e rentáveis”.
Já o Subsecretário-Geral de Assuntos Econômicos e Financeiros do Ministério de Relações Exteriores do Brasil, Carlos Márcio, lembrou que há pouca disponibilidade de água e terra para produzir alimentos no mundo, mas que o Brasil e Argentina estão entre os 7 países que respondem por 50% da área disponível.
No segundo painel “Inserção Comercial: como Brasil e Argentina podem potencializar sua presença no mercado internacional?”, o sócio-administrador da Barral M Jorge Consultores Associados, Welber Barral, explicou que o Mercosul ainda tem poucos acordos comerciais e precisa expandir a participação em mercados internacionais.
Além disso, apontou que a agricultura brasileira já venceu muitos obstáculos, passando de importador de alimentos nos anos 70 para um dos maiores exportadores mundiais. Afirmou que esse setor já é tecnológico e sustentável e tem total potencial para aumentar sua participação no comércio agrícola global.
“Acordos são fundamentais para aumentar a competitividade e exportação de produtos não tradicionais”. O professor associado da Fundação Dom Cabral, Carlos Primo, e o presidente da Porta Hnos, José Porta, também participaram da discussão.
O terceiro e último debate foi sobre “Novos mercados: como cooperar na área agrícola para inserção no mercado asiático?”. O consultor da Asia-Brazil Agro Alliance, Marcos Jank, enfatizou que a Ásia é o mercado com maior potencial de crescimento de demanda por produtos agrícolas do mundo.
“Em 2012, a China se tornou o principal parceiro comercial do Brasil. O Japão e a Coreia são mercados maduros, consolidados e de baixo crescimento, mas que também podem se tornar compradores do Mercosul”.
A analista de Negócios Internacionais da Apex-Brasil, Thais Moretz, o professor da Universidad de San Andrés, Martín Fraguío, e o responsável pela Área Internacional do Instituto de Estudos Econômicos e de Negociações Internacionais da Sociedade Rural da Argentina (SRA), Raúl Roccatagliata, foram os outros expositores do painel.