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A Influenza Aviária (IA) encontra-se em destaque nas principais colunas de notícias do agronegócio mundial. Nos últimos 3 meses foram encontrados focos de IA em pelo menos 34 países e as notificações não param de crescer. Na Europa, na semana passada, foram relatados à Organização Mundial de Saúde (OIE, sigla em francês), focos de IA de alta patogenicidade (H5N8), na Espanha, Itália e Eslovênia.

Na França, a disseminação da doença, levou milhares de aves ao sacrifício. Na cidade de Voronej, Rússia, um zoológico sacrificou 141 aves, entre elas papagaios, cisnes, faisões e canários, após a confirmação da morte de 35 aves por IA. Somente no final de dezembro do ano passado, a Rússia sacrificou mais de 160 mil perus, na cidade de Rostov do Don.  A Bulgária divulgou a disseminação da doença em 55 granjas, o que levou ao sacrifício de 430 mil aves pelas autoridades veterinárias desde a detecção inicial do vírus.

O continente europeu não foi o único afetado, países como a China, Coréia do Sul, Japão e Uganda também confirmaram casos da doença. Na América do Norte, a OIE, confirmou um foco de IA, da cepa H5N2, no Estado de Montana, nos Estados Unidos. Na América do Sul, o Chile confirmou a ocorrência de foco de IA de baixa patogenicidade em uma granja de perus, na região de Valparaíso, levando o Uruguai, Brasil e a Argentina a suspenderem as importações de produtos avícolas do país.

O Rio Grande do Sul, que faz fronteira com Uruguai e Argentina, está em alerta máximo. No final da semana passada, houve uma reunião na Secretaria da Agricultura (Seapi), para definir medidas adicionais de prevenção e ações efetivas para aumentar a vigilância e minimizar os prejuízos, caso a doença entre no País.

A IA, também conhecida como gripe aviária, é uma doença zoonótica, ou seja, pode ocasionalmente afetar a população humana e outros animais após contato direto com aves infectadas. A gripe é transmitida pelo vírus da influenza tipo A e atinge diferentes espécies de aves domésticas, como galinhas e perus, assim como aves silvestres e ornamentais. Sendo que, os sintomas e a gravidade da doença podem variar entre uma espécie e outra.

As infecções pelo vírus da IA são classificadas como de alta e baixa patogenicidade, sendo que as formas mais patogênicas são mais expressivas em seus sinais clínicos e sua disseminação ocorre rapidamente, apresentando mortalidade que pode atingir 100% das aves afetadas, em menos de 48 horas.

As aves silvestres migratórias – principalmente as aves aquáticas – podem albergar e transportar cepas do vírus em suas vias respiratórias ou intestinais, sendo por tanto, um dos principais disseminadores da doença nas aves domésticas e fator de preocupação da chegada do vírus em território nacional. Além da suspenção da importação de produtos avícolas para o Brasil, as visitas às unidades produtoras, inclusive dos fornecedores brasileiros, estão proibidas.

No Brasil, ainda não foram registrados casos de influenza aviária, nem em aves nem em humanos, fato que poderá auxiliar no crescimento das exportações de carne de frango em 2017. Segundo pesquisas do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA) e segundo as estimativas da ABPA, há projeção de aumento de 3% a 5% nos embarques brasileiros de carne de frango em 2017.

O Brasil detém um plano de contingência para o caso de a Influenza Aviária acometer o país. Uma das solicitações ao Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA) do setor produtivo é que o governo credencie mais laboratórios para detecção do vírus no Brasil, de forma instantânea.

Vale ressaltar que o MAPA, criou um Grupo de Trabalho (GT), no dia 3 de janeiro deste ano, para propor uma organização do Sistema Nacional de Emergências Agropecuárias, tendo como objetivo dar mais agilidade no enfrentamento a situações inesperadas que possam afetar a produção agropecuária brasileira.

 

Thaís Uchôa
Consultora em Assuntos Regulatórios

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