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O avanço das exportações brasileiras visto entre janeiro e outubro deste ano não apareceu nas trocas com as principais economias da Europa. É o que mostram os dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (Mdic).

Durante os dez meses de 2017, as vendas para o exterior cresceram 19,9%, na comparação com igual período do ano passado, chegando a US$ 183,5 bilhões. Entretanto, os embarques para Páises Baixos (-9%), Alemanha (1,1%), Bélgica (-1,4%), Reino Unido (-6,2%) e França (-3,8%) não acompanharam a tendência geral.

O recuo nas exportações de tubos de ferro (-12,9%) para Países Baixos, assim como a queda nas vendas de ouro (-14,1%) para o Reino Unido e de resíduos do óleo de soja para a França (-36,6%), aparece entre as causas do fraco desempenho das trocas com parte do continente europeu durante este ano.

De acordo com especialista consultado pelo DCI, vários fatores que favorecem as negociações com latino-americanos e asiáticos não são encontrados na Europa.

“Na América do Sul, temos o avanço de alguns acordos comerciais que facilitam as exportações, enquanto na Ásia, o crescimento econômico beneficia compras e vendas” diz Paulo Dutra, coordenador do curso de economia da Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP).

Por outro lado, os europeus impõem barreiras não tarifárias que dificultam as exportações brasileiras, afirma o entrevistado. “São adotadas várias medidas protecionistas que complicam os negócios, principalmente de produtos básicos. Por isso, mesmo com a recuperação econômica da região, não vemos um aumento das nossas vendas”, afirma Dutra.

Entre os principais destinos das exportações brasileiras na Europa, só foram vistos aumentos relevantes nas vendas para Espanha (45%) e Itália (6,1%). Destaque para o avanço dos embarques de couro bovino (42.7%) para os italianos e de petróleo (157,6%) para os espanhóis, na comparação com dez meses de 2016.

Mercosul e União Europeia

A conclusão do acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia pode dar força às trocas comerciais entre os dois blocos no ano que vem. A expectativa do governo brasileiro é que o tratado seja assinado em breve, mas alguns empecilhos ainda podem atrasar o desfecho da negociação.

“Um dos pontos que frustrou o Mercosul, na última oferta apresentada pelos europeus, foram as propostas abaixo do esperado para as exportações[sul-americanas] de carne bovina e etanol”, afirma Monica Rodriguez, consultora da Barral M Jorge.

Segundo ela, a conclusão do acordo gera “expectativa muito grande” no setor produtivo brasileiro, que veria uma redução significativa das taxas que incidem nas trocas com a União Europeia. “Ainda é esperado que a assinatura [do tratado] ocorra até o final deste ano. Se isso não acontecer será uma enorme frustração.

Participação menor

Entre janeiro e outro, as exportações para a União Europeia somaram US$ 29,191 bilhões, um aumento de 4,1% na comparação com igual período do ano passado. Como o avanço ficou bem abaixo da média geral deste ano, as vendas para o bloco passaram a representar 15,9% de todos os embarques brasileiros, uma queda de quase cinco pontos percentuais em relação à participação registrada em 2016 (21,3%).

Para efeito de comparação, as exportações para a China totalizaram US$ 41,3 bilhões entre janeiro e outubro, um avanço de 34,6% no confronto com o ano passado. Com isso, o gigante asiático passou a ser o destino de 22,5% dos produtos brasileiros, contra 18,1% em dez meses de 2016.

Já os embarques para outros países da América do Sul somaram US$ 29,133 bilhões, avanço de 19,2% frente ao ano passado. Assim, a participação nas vendas brasileiras chegou a 15,9%, igualando a parcela dos europeus. Entre janeiro e outubro de 2016, as exportações para os sul-americanos representavam 13,3% do total.

No caso dos Estados Unidos, houve um recuo na participação, que passou de 16,6%, em dez meses do ano passado, para 12,1% neste ano.

 

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