Os chineses estão buscando oportunidades de negócio em todo o mundo, e o Brasil está na rota dos investimentos. Dados da empresa global de consultoria de gestão empresarial A.T. Kearney confirmam esse movimento, já que o Brasil é o quarto destino dos investimentos chineses desde 2014 até março deste ano, com US$ 21,9 bilhões. Os Estados Unidos ocupam a primeira colocação, com US$ 98,3 bilhões nesse período, seguidos por Suíça e Hong Kong. Considerando as áreas de energia e infraestrutura, o Brasil é o segundo país com mais investimento dos asiáticos no mundo.
Nos anos de 2005 a 2015, de acordo com o Global Investment Tracker, o Brasil recebeu 44,3% do investimento direto externo chinês na América do Sul, ressalta a diretora de comércio internacional da Barral M Jorge Consultores Associados, Renata Amaral. Desse estoque, 68% das inversões foram direcionadas ao setor de energia, e 12%, para as áreas de metais e siderurgia.
“Nesse sentido, é possível que a participação chinesa nas aquisições no Brasil se mantenha em alta, e, por isso, é interessante que o país forneça maior segurança jurídica, sobretudo nos setores que a China está mirando”, observa.
Somente no ano passado, conforme o Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC), o total de investimentos feitos por empresas chinesas no país chegou a US$ 8,397 bilhões, crescimento de quase 13% em relação ao ano anterior.
Intensificação. O coordenador de análise do CEBC, Tulio Cariello, observa que os chineses descobriram o Brasil como destino potencial de investimentos em meados de 2010. “Claro, havia investimentos antes disso, mas eram ainda muito irregulares e descentralizados. O ano de 2010 é um marco no movimento de investimentos chineses no país, pois sinaliza o começo de um quadro de empreendimentos mais volumoso e diversificado”, diz. Até então, foi o ano recorde de investimentos confirmados, num total de US$ 13 bilhões.
Com o objetivo de controlar o “apetite” chinês por aquisições internacionais, o Ministério das Finanças da China divulgou neste mês novas medidas para aumentar o controle sobre o investimento fora do país de companhias estatais. E não é para menos: no ano passado, as aquisições externas da China no mundo chegaram a US$ 225,6 bilhões, mais que o dobro do desembolsado em 2015 (US$ 100, 6 bilhões).
ATÉ O FUTEBOL
Alvo. O futebol também é alvo de interesse dos chineses. Na Europa, são 14 clubes com participação de investidores do país asiático. O Milan foi a mais recente aquisição, por R$ 2,6 bilhões.
“TRABALHO É MENOS ESTÁVEL”
“Moro na China, em Xangai, há dois anos e sete meses. Fora o “jet lag”, que demora mais ou menos uma semana para passar, a primeira barreira é o idioma. Apesar de Xangai ser uma metrópole internacional, não são em todos os lugares que podemos facilmente encontrar pessoas que falem inglês. Uma vez passada a fase de adaptação, posso dizer que a China é um país muito bem-desenvolvido e seguro, principalmente, nas áreas urbanas. A educação, o transporte público, a saúde e a segurança são muito bem-desenvolvidos e presentes. Trabalhar na China, em relação ao Brasil, é menos estável, pelo menos, para os estrangeiros, uma vez que os contratos de trabalho são por tempo determinado, e dependemos das renovações de contrato para continuar.”