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Fim do IPI reduzido motivou recuo de confiança no comércio, diz FGV

By 5 de fevereiro de 2013No Comments

Por Guilherme Serodio | Valor

RIO – O fim da redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) motivou o recuo da confiança do comércio nos últimos três meses, de acordo com o economista Aloísio Campelo, coordenador de sondagens conjunturais do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV).

O Índice de Confiança do Comércio (Icom), divulgado hoje, recuou no trimestre encerrado em janeiro para 126,1 pontos, após registrar 130,3 pontos no trimestre encerrado em dezembro. Apesar da queda, o resultado indica ritmo de atividade entre moderado e forte no setor.

Na visão de Campelo, o resultado negativo é concentrado nos setores do comércio que serão afetados pelo aumento gradual do IPI de automóveis e eletrodomésticos — a partir de 1º de janeiro —, e mostra que a percepção negativa desses segmentos industriais chegou ao comércio.

Nos setores do comércio com produtos mais relacionados ao nível de renda, não ao crédito, não houve uma piora expressiva da confiança. A piora é mais concentrada nos bens duráveis, onde estão os segmentos veículos, motos e peças (no qual o índice de confiança caiu de -2,5% em dezembro para -7,6% em janeiro); móveis e eletrodomésticos (de -15,6% para -21,2%); e material para escritório e informática (recuo de 1,5% para -10,4%). “Essa oscilação muito conectada com o IPI estava mais na indústria. Agora se manifesta no comércio, onde as expectativas pioraram muito”, afirma Campelo.

Na comparação com janeiro de 2012, no entanto, o Icom ficou estável. Para o economista, o resultado é uma boa notícia para a economia e mostra que os setores do comércio ligados aos bens não duráveis mantêm uma expectativa muito próxima ao que tinham no ano passado. Entre os estabelecimentos pesquisados, os comerciantes de bens não duráveis registraram aumento de 1,4% na confiança sobre janeiro de 2012. Entre os comerciantes de bens duráveis houve uma queda 3,5% na confiança no período.

“O que a gente está vendo é um comércio mais tradicional vendendo no mesmo nível”, avalia Campelo. “Há expectativas ainda favoráveis nos segmentos menos ligados ao crédito. Mas, nos setores de bens duráveis deve haver desaceleração”, prevê. Ele acredita que o estímulo ao crédito para incentivar o consumo não deve conseguir manter o ritmo de vendas de bens duráveis ao longo do primeiro semestre. “Se o cenário internacional for mais constante, pode-se esperar que os [bens] duráveis tenham alguma recuperação [no nível de vendas]. Mas as famílias ainda estão endividadas”, ressalta.

Para Campelo, o cenário mostra que a economia brasileira precisa voltar a investir para crescer neste ano. “É preciso crescer a partir de investimentos. A economia tem que mudar um pouco o foco no sentido de [aumentar os] investimentos”.

No varejo restrito, que exclui veículos e material de construção, o índice de confiança caiu 1,2% em janeiro ante janeiro de 2012. No varejo ampliado houve queda de 0,7% na mesma base de comparação.

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