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Quanto mais a Aliança do Pacífico avançar, ‘pior para nós’, Miguel Jorge para o Valor

By 10 de February de 2014No Comments

Por Fabio Murakawa | De São Paulo

Apontada por analistas como uma ameaça ao Mercosul – por sua maior agilidade e por agregar países mais abertos ao comércio e de crescimento maior -, a Aliança do Pacífico não parece tirar o sono do governo brasileiro.

Diplomatas ouvidos pelo Valor afirmam que o comércio entre o Brasil e os países do bloco já está praticamente todo liberalizado. E que, por isso, os produtos brasileiros não perderão competitividade com a redução de tarifas entre eles. ‘A exceção é o México’, diz um diplomata. ‘Mas os acordos com o México são menos abrangentes do que o dos outros países entre si.’

Segundo outro diplomata, mais do que o tema tarifário, ‘a questão central é se a produção de manufaturados no Brasil é ou não competitiva’. ‘A análise do Itamaraty de dados e acordos comerciais que países já têm entre si mostra que impacto é limitado’, diz.

Para Miguel Jorge, ministro de Desenvolvimento entre 2007 e 2010, durante o governo Lula, ‘a competitividade da indústria brasileira nos países da aliança vai continuar tão ruim quanto hoje’. Segundo ele, o Mercosul nunca chegou a esse nível de desgravamento de tarifas (cerca de 90%) e, quanto mais a Aliança do Pacífico avançar rumo a acordos com outros países ou regiões, ‘pior para nós’. ‘O impacto será no médio prazo, dada a dificuldade que nós [Mercosul] encontramos para fechar acordos comerciais’, diz ele, citando como exemplo as prolongadas negociações para um acordo entre o bloco e a União Europeia. ‘Isso vai deixar o Mercosul cada vez mais emparedado.’

Ingo Plöger, presidente do Conselho Empresarial da América Latina, prevê um crescimento de investimentos brasileiros nos países da Aliança do Pacífico, como estratégia para aproveitar a liberalização do comércio entre esses países e sua aproximação cada vez maior com a Ásia-Pacífico. ‘A América Latina é um mercado importante para nossas exportações de produtos de alto valor agregado. E nós estamos perdendo mercado para países como China, Coreia do Sul e Indonésia’, diz. ‘Temos que ter uma estratégia para preservar nossa participação nesse mercado.’

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