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Nos EUA, setor agrícola sente efeitos das mudanças climáticas

By 19 de maio de 2014No Comments

O relatório norte-americano sobre avaliação do clima naquele país (US National Climate Assessment, em inglês), divulgado pela Casa Branca dia 6 de maio, avaliou os impactos climáticos em diferentes setores da sociedade e revelou um cenário preocupante para as próximas décadas. O estudo, produzido por cerca de 200 cientistas num período de quarto anos, aponta que o clima mais seco e o aumento da temperatura trarão consequências na produção agrícola e pecuária do país, que serão sentidas em longo prazo.

Segundo o pesquisador Paulo Barreto, do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), os americanos já estão sentindo parte dos efeitos na pecuária, a qual ele afirma ter nível mais baixo de animais em relação aos anos anteriores, colocando o rebanho atual próximo ao que era na década de 1950. “Os piores efeitos, porém são sentidos no campo, principalmente com o aumento das queimadas. Há secas muito fortes, por exemplo, no Texas”, comenta Barreto, que cita o estado da Califórnia como um dos mais atingidos pelo fenômeno. Segundo relatório, futuramente a região deve ficar mais quente, ocasionando clima mais seco.

A oficialização dos problemas climáticos colocam produtores rurais norte-americanos em alerta. Atualmente, as safras no campo já estão prejudicadas, o que leva ao debate sobre como o setor deverá se portar nos próximos anos, inclusive em relação ao agronegócio norte-americano. Barreto acredita que em um primeiro momento, é provável um deslocamento de produção e mercado, trazendo, inclusive, possibilidade de abertura para o Brasil. “Mas não podemos esquecer que não estamos imunes, já que enfrentamos um momento de impactos climáticos aqui também”, ressalta.

Em projeções para o setor, a consultora de comércio exterior Renata Amaral considera que a Farm Bill, lei agrícola americana aprovada em fevereiro deste ano, pode representar uma saída ao produtor rural lesado por perdas recorrentes de mudanças climáticas. “Embora a Farm Bill não trate da mudança climática diretamente, a Lei contém numerosas iniciativas para reembolsos a agricultores e gestão de risco, como resultado do clima errático indicativo da mudança climática”.  Segundo a especialista, programas de seguro de colheitas do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) permitem que agricultores norte-americanos amenizem riscos para períodos de incapacidade de plantio em consequência do clima através de subsídios.

Para Amaral, a nova Farm Bill pode ser uma ferramenta de controle. Porém, a consultora frisa que o plano pode mitigar os efeitos negativos apenas por um período limitado. “No longo prazo, pode ser que esse sistema não se sustente”. Além disso, a consultora alega que a falta de incentivo à adoção de práticas para conservação pode custar bilhões aos EUA. “Apesar de a Farm Bill atual reconhecer os impactos das mudanças climáticas, não há incentivo para a adaptação menos dispendiosa das culturas”, finaliza.

(Talise Rocha) 

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