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OMC observa freada no comércio global

By 9 de abril de 2014No Comments

O comércio mundial não conseguiu reagir conforme o esperado nos primeiros três meses do ano por causa da recuperação frágil da zona do euro e da desaceleração do crescimento das economias emergentes, alertou ontem o presidente da Organização Mundial do Comércio (OMC).

Quando anunciar suas mais recentes estatísticas sobre o comércio mundial na semana que vem, a OMC deverá reduzir sua projeção de crescimento de 4,5% em 2014. Ela também vai afirmar que o comércio cresceu apenas cerca de 2% em 2013, abaixo de uma previsão anterior de 2,5%.

Em uma entrevista ao ‘Financial Times’, Roberto Azevêdo, que assumiu como diretor-geral da organização sediada em Genebra em setembro, não quis discutir as próximas previsões. Mas disse que o comércio mundial ainda não viu a recuperação dinâmica antecipada pela OMC. ‘Não percebo nenhuma grande recuperação [no comércio mundial], ou, na verdade, nenhum grande ciclo de queda desta vez’, disse ele ao ‘FT’.

Embora a reação dos Estados Unidos pareça estar ganhando força, a recuperação da Europa ainda é incerta, acrescentou Azevêdo. O crescimento está perdendo força em economias emergentes como o Brasil, onde ele nasceu, e a China, afirmou.

O comércio mundial parece estar dando continuidade à lenta expansão registrada no quarto trimestre do ano passado, alertou Azevêdo, observando que mesmo assim foi uma melhora considerável em relação aos primeiros seis meses do ano passado. A maior parte do crescimento de 2% no comércio mundial em 2013 ocorreu no segundo semestre do ano. ‘Ainda estamos olhando para uma continuação de um ciclo mais otimista da economia do que tivemos no primeiro semestre do ano passado’, disse Azevêdo.

As novas previsões da OMC serão anunciadas em meio a uma sensação crescente de que o comércio começou 2014 em um ritmo mais lento que o antecipado pelos economistas.

Alimentado pela globalização acelerada, o comércio mundial se expandiu a uma taxa média duas vezes maior que a do crescimento econômico global nas últimas três décadas. Mas após entrar em colapso em 2009, na esteira da crise financeira mundial, o crescimento do comércio tem sido bem mais anêmico.

Os dois últimos anos foram os primeiros anos consecutivos desde o começo da década de 1980 em que o comércio cresceu mais lentamente que a economia mundial, desencadeando uma discussão entre economistas sobre a desaceleração da marcha da globalização, que poderia estar finalmente ocorrendo. Um terceiro ano de crescimento abaixo da tendência serviria apenas para ampliar essa discussão.

A Delta Economics, uma consultoria de Londres que monitora o comércio, prevê que o intercâmbio global, medido pelos preços correntes, vai aumentar neste ano apenas 1%, contra a previsão de crescimento econômico global de 3,6% feita pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). ‘2014 não será um bom ano para o comércio’, diz Rebecca Harding, fundadora e executiva-chefe da Delta Economics.

Segundo a Delta, a desaceleração em relação a 2013 é, em parte, consequência do aumento dos riscos geopolíticos. Com a Rússia enfrentando sanções do Ocidente por causa da anexação da Crimeia, o comércio originado no país deverá diminuir. O comércio para a Turquia e o originado nela vêm sofrendo com a crise na Síria. Mas também está havendo uma desaceleração do comércio entre as economias emergentes, o chamado ‘comércio sul-sul’, que hoje responde por mais de 40% do comércio mundial e que enfrenta pressões adicionais decorrentes da continuidade do menor ritmo de crescimento da China. Em suas previsões econômicas divulgadas ontem, o FMI disse acreditar que o crescimento da China vai cair para 7,5% neste ano.

Mas existem motivos para esperança. Os otimistas apontam para a recuperação das vendas no setor automobilístico da Europa, com carros e componentes respondendo por quase um terço do comércio mundial de bens. A VDA, associação automotiva da Alemanha, informou na semana passada que suas exportações cresceram 10% nos primeiros três meses do ano.

John Calverley, chefe da área de pesquisas macroeconômicas do Standard Chartered, disse que ainda espera uma reação do comércio juntamente com a da economia mundial neste ano.

Os pedidos de exportação de Taiwan, sempre um indicador importante das condições globais, estão vigorosos nos últimos meses, disse ele, e os dados sobre o comércio vindos de outras economias asiáticas também estão ‘sólidos’.

Além disso, um acúmulo de estoques nos Estados Unidos no fim de 2013, que lançou uma sombra sobre os números do comércio nos primeiros meses deste ano, parece agora estar sendo absorvido pelo sistema, disse ele. ‘As coisas estão melhorando e estamos otimistas com a economia mundial como um todo’, concluiu Calverley.

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