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A balança comercial brasileira abriu o segundo semestre batendo novos recordes. Somente em julho, o saldo foi positivo em US$ 6,3 bilhões, o maior da série histórica que teve início em 1989.
O resultado foi puxado por uma alta de 15% das exportações, para US$ 18,7 bilhões, e por um acréscimo de 6% das importações, a US$ 12,4%, em relação a julho de 2016, mostram dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (Mdic), divulgados ontem.
Com a demanda mundial mais aquecida do que no ano passado, a tendência é que as vendas externas do País continuem crescendo, porém em menor ritmo do que no primeiro semestre, devido, principalmente, à sazonalidade das commodities agrícolas.
No acumulado do ano até julho, o saldo comercial do Brasil acumula superávit de US$ 42,5 bilhões, também o maior desempenho da série para o período. Nesses sete meses, as exportações tiveram expansão de 18,7%, para US$ 126,4 bilhões, enquanto as importações aumentaram em 7,2%, a US$ 84 bilhões.
Na avaliação da economista Lia Valls, pesquisadora do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre-FGV), a venda de manufaturados foi destaque em julho, particularmente a exportação de automóveis de passageiros, que cresceu 69,7%, para US$ 527 milhões, contra julho de 2016.
Ela comenta que cerca de 70% dessas embarcações foram feitas para a Argentina e se explicam pela base de comparação muito baixa em relação a 2016, ano em que o Produto Interno Bruto (PIB) do país parceiro caiu 2,3%. Segundo Valls, a economia argentina deve avançar 3% neste ano. Mesmo assim, ela espera que o aumento da venda de automóveis ao país seja percentualmente menor neste semestre.
No mês passado, as vendas de manufaturados tiveram alta de 12,6%, a US$ 7,4 bilhões, enquanto os básicos e semimanufaturados se elevaram em 19% e 8,7%, respectivamente, para US$ 8,4 bilhões e US$ 2,6 bilhões.

Tendência
Para Valls, o Brasil caminha para bater um recorde anual de superávit na balança comercial. Nas projeções do governo federal, o saldo do comércio exterior deve fechar 2017 em US$ 60 bilhões. “Não é muito difícil alcançar este número. Já estamos em US$ 42 bilhões”, considera Valls.
Apesar disso, o nível do avanço das exportações deve ser menor, já que, por questões sazonais, os produtos básicos, principalmente a soja em grãos – que é o forte das nossas exportações -, crescem menos durante o segundo semestre.

Já a consultora da Barral M Jorge Monica Rodriguez espera que as commodities agrícolas ainda sejam destaque em agosto, como foi em julho. Para ela, além da demanda e do preço internacional estarem em bons patamares, o Brasil ainda tem uma safra considerável para desembarcar.

Segundo a consultora, a alta de 93,7% da exportação de milho em grão em julho, contra igual mês de 2016, para US$ 357 milhões, foi o destaque do mês.

Já para Valls, as carnes de frango e bovina podem crescer mais nos próximos meses, enquanto a venda de produtos industrializados dependerá mais da demanda dos outros mercados e do câmbio que, atualmente, está na faixa de R$ 3,10 e R$ 3,20. Para ela, este patamar ainda não é bom para as exportações nacionais.
Porém, ressalta que as vendas estão crescendo para a maioria dos mercados, indicando que o Brasil pode aproveitar mais este período de demanda mundial mais aquecida. Somente para a África e para Ásia, nossas exportações avançaram 35% e 30,7%, respectivamente, no mês de julho. Já para os Estados Unidos aumentou em 22,8%.

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